quarta-feira, 5 de março de 2014

Documentário Tropicália - Trailer


Documentário reavalia impacto do Tropicalismo na cultura




Tropicália ou Tropicalismo?
A diferença fica mais clara ao longo das declarações de nomes como Tom Zé, Gal Costa, Rita Lee, Arnaldo e Sergio Baptista, Guilherme Araújo, Rogério Duprat, e principalmente de Helio Oiticica, Glauber Rocha e do artista gráfico Rogério Duarte. Este último com excelentes pontuações e uma lucidez capaz de fazer qualquer ‘ficha cair’.
Além da (deliciosa) discussão ‘cabeça’ do que era de fato a Tropicália, o documentário traz um farto material em fotos e imagens. Muitas delas inéditas ou desconhecidas do grande público, como uma apresentação de Gil e Caetano em uma TV portuguesa em 1970.
Outra imagem que deve chamar a atenção do público é a que mostra a participação de Gil e Caetano no festival da Ilha de Wight, na costa sul inglesa. O vídeo foi cedido pelo documentarista inglês Murray Lerner. Nem o próprio Caetano sabia da existência das imagens. Nelas, o baiano, em ‘puro êxtase’, estado parecido com o de Gil, canta “Shoot Me Dead”.
E, nesse momento, dá vontade de abrir um buraco no chão do cinema. Não pela atuação dos músicos brasileiros, claro. Dá é vergonha de constatar algo: enquanto o governo (militar) brasileiro queria jogar Gil e Caetano para o esquecimento, o mundo estava a fim de ouvir o que os baianos tinham para dizer. Neste festival de Wight, um locutor declara: “Esse grupo do Brasil está aqui porque não pode fazer música em seu país. Mas aqui eles podem”.
Algo semelhante acontece em um programa na TV francesa no qual Caetano é convidado para se apresentar. Ela faz uma linda versão de “Asa Branca”, clássico do repertório de Luiz Gonzaga.
Mas, como bem diz Tom Zé no filme: “eles estavam presos, exilados, mas as canções deles estavam por aí”.
As canções deles estavam e estão por aí. E Tropicália relata um momento em que o caldeirão estava fervendo. Gil com a ideia de misturar rock e ritmos nordestinos, Caetano e sua poesia vibrante, a MPB de Elis e Edu Lobo protestando contra as guitarras elétricas, os festivais de música, a televisão dando espaço para o novo.
Vale pela história, pelos artistas, pela música, pelas imagens.  Como disse o próprio Caetano, em recente composição feita para Gal Costa: “Coisas sagradas permanecem /Nem o Demo as pode abalar”.
Danilo Casaletti. Revista Época. Coluna Mente Aberta. 03/09/12



TRAILER
Quase cinco décadas depois do auge deste furacão, entre 1967 e 1969, o documentário "Tropicália", de Marcelo Machado, reavalia suas manifestações, encontrando material para repensá-lo e ao seu contexto, indo ao encontro de seus principais participantes e também suas raízes e precursores.

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